Mateus 14.13-23  -  Dia dos Pais  -  2002

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A GRAÇA DO SR. JESUS CRISTO, O AMOR DE DEUS O PAI E A COMUNHÃO DO E.S. SEJAM COM TODOS NÓS. Amém.

Hoje comemoramos o Dia dos Pais. Eu tenho certeza de que alguns dos pais aqui presentes estavam esperando por esse dia. Não pelo presente, mas, esperando por receber um gesto especial de CARINHO de seus filhos e de suas esposas. Eu mesmo, como pai, posso confessar que fico cheio de ORGULHO quando recebo um gesto de carinho de meus filhos... Acho que é o maior presente que um pai pode receber: O AMOR dos filhos.

Hoje agradecemos a Deus também por todas as bênçãos que temos recebido através de NOSSOS pais; agradecemos a Deus porque ele nos dá o privilégio de EDUCAR nossos filhos com AMOR PATERNO; agradecemos a Deus por nos mostrar continuamente o seu próprio amor paterno por todos nós. - E é sobre este amor de Deus Pai que nós queremos refletir hoje, lembrando novamente o lema do mês: "Vede que grande amor...".

Assim eu quero convidar vocês para receber um presente das mãos de Deus. Um presente especial para você pai, mas um presente tão importante que toda a família pode se beneficiar com ele. Quero dar aos pais, de presente um pedaço da carta de amor de um pai apaixonado por seus filhos, um pedaço da Palavra de Deus.

O texto da pregação de hoje é muito rico. Ele mostra um Deus pai que se importa com seus filhos e filhas, um Deus que não mede esforços e até esquece de suas necessidades para atender seus filhos e filhas. E o mais bonito disto tudo é que Deus se mostra como pai na figura de seu filho Jesus Cristo. (LER Mateus 14.13-23)

Eu quero antes de mais nada destacar alguns detalhes que vão nos ajudar a encontrar neste texto a imagem de Deus como pai que se preocupa com seus filhos, que não mede esforços e esquece de suas próprias necessidades para cuidar dos filhos.

1) No capítulo anterior de Mateus é dito que Jesus estava há um bom tempo fora de casa. Quando voltou para casa para rever seus amigos, eles não o quiseram por perto. Jesus foi humilhado, desprezado e colocado para fora de sua cidade. Ele estava sozinho em sua própria casa, pior: não tinha lugar para ele em sua própria casa.

2) No início do capítulo 14, acontece algo que deixa Jesus com o coração partido. É que Herodes é um MAU PAI, um pai que se deixa levar pelos caprichos de uma filha mal educada... A filha de Herodes, influenciada por sua mãe, havia pedido de presente a cabeça de João Batista numa bandeja. Herodes faz o que ela pede e manda decapitar João Batista. Jesus recebe a notícia de que João Batista, seu amigo, o último dos profetas, havia sido assassinado estupidamente por Herodes.

Imagino Jesus bastante triste, com o coração doendo por causa da morte de seu amigo... e por isso ele resolve procurar um lugar para estar a sós com seu pai e orar. Diz no texto que Jesus entra num barco e vai para um lugar no deserto. Ele precisa orar.

Mas, chegando na outra praia, Jesus encontra uma multidão de pessoas desorientadas, com fome de pão, de saúde, mas também fome de esperanças, de comunhão, de perspectivas para suas vidas, fome de orientação para suas vidas, fome de Deus. - Jesus poderia dizer: Vão pra casa! Me deixem em paz! Estou cansado! Eu preciso de tempo pra mim agora! (assim como muitos pais fazem quando os filhos vêm ao seu encontro...) Mas, no V.14 diz: "Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos." - Jesus, apesar de sua própria dor, assim como um PAI que AMA SEM MEDIDAS, consegue passar por cima de sua dor, e dá atenção, dedica tempo para seus filhos, dá amor, alimento e cura a seus filhos!

No V.22 diz: "Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões." - Enquanto isso Jesus despede as multidões. Ele dedica um pouco mais de tempo para aqueles que vem ao seu encontro. Com certeza Jesus se despede com cuidado, com atenção, assim como um pai que conforta o filho na cama, desejando boa-noite com palavras doces e com carinho.

Eu quero trazer este texto para bem perto de nós, para bem perto dos pais. E quero fazer isto através de um cartão feito por uma criança, filha de pais separados, que há muito tempo não vê o seu pai. O cartão tinha um versinho que a criança deve ter ouvido alguma vez em algum lugar, guardado em sua cabeça ou em seu coração, por algum motivo. No cartão estava escrito: "Pisei na pedrinha, a pedrinha rolou, olhei para a mocinha, a mocinha piscou, contei para mamãe, mamãe não ligou, falei pro papai, papai me surrou."

Uma poesia que parece inocente e que talvez esteja até no lugar errado. Talvez você possa pensar: - Isto lá é coisa que se escreva num cartão para o dia dos pais. Mas eu acho que esta criança foi capaz de fazer uma coisa que nós adultos não sabemos mais fazer. Ela, foi o mais sincera possível, e num gesto de amor teve coragem de colocar o seu coração na ponta do lápis e sobre o papel.

Vamos olhar com atenção para esta poesia: 1) " Olhei para mocinha, a mocinha piscou" - isto sugere uma novidade na vida da criança. Algo novo que a criança não sabe o que fazer com isto, algo novo que precisa de uma orientação adequada. Quantas vezes as crianças descobrem coisas novas que não são apropriadas. Mas se ninguém disser se isto é certo ou errado, a criança ainda não tem critério para avaliar e decidir. 2) A criança, diante da novidade que a vida, o crescimento, a realidade colocam em suas mãos, corre para buscar ajuda, contando para a mamãe: "Contei para mamãe, mamãe não ligou." Pais ausentes ao mundo as crianças. Pais que negam a orientação, que se negam a participar do mundo de seus filhos. Que negam a eles o direito de compreender o mundo, de receber a orientação que necessitam. Pais que não ligam para seus filhos. 3) Por fim, a poesia que parecia inocente, torna-se cruel: "Contei para o Papai, papai me surrou." Mãe ausente e pai que bate. Que não ouve, não entende, mas bate e tortura. Creio que não precisamos nos espantar ao ler nos jornais que crianças recém-nascidas são jogadas em terrenos baldios, que crianças apanham de seus pais até tornarem-se deficientes físicos ou mentais. Tudo isto já está gravado num simples cartão para o dia dos pais.

Nenhum filho quer que o seu pai seja um super-heroi, espera apenas que ele seja pai, que ele esteja aí do lado para jogar bola, brincar de carrinho, de boneca, passear de mãos dadas, abraçar quando chega do trabalho, sentar-se na grama e contar histórias, repartir o pão que mata a fome de amor, de comunhão, de família.

O Evangelho é boa notícia. No dia dos pais, a boa notícia que o evangelho nos dá é que Deus é pai que vem ao mundo de seus filhos para brincar com eles, assim como Jesus brincava com seus amigos enquanto era o menino Jesus. Deus vem a este mundo de seus filhos para orientá-los, ensinar-lhes o seu amor (embora alguns filhos não quiseram ouvir). Deus vem a este mundo para subir nos morros com seus filhos e contar-lhes belas histórias sobre sementes, filhos que saem de casa e são recebidos quando voltam para casa... Deus vem ao mundo de seus filhos para pescar com eles, pescar gente. É isto que quero, em nome de Deus, dar de presente a vocês nesta noite/manhã: A chance de encontrar um modelo de pai que pode te auxiliar em tua tarefa. Mas também a chance de encontrar em Deus um pai que se faz presente e que ama a todos os seus filhos e filhas. Amém.    - HINO - 286