A cada dia aumenta a oferta de curas no "mercado religioso". Chega a haver uma espécie de competição entre algumas denominações religiosas. Quanto mais espetaculares as curas que realizam, tanto maior o número de seus seguidores. Isto está gerando dúvidas na cabeça e no coração de muita gente.

Também membros da IECLB ficam agitados. Alguns sofrem terrivelmente com sua enfermidade, às vezes, por muitos anos. É perfeitamente compreensível que fiquem tentados a procurar soluções rápidas e milagrosas para seus problemas. Sabemos de comunidades que, de tempos em tempos, lotam ônibus inteiro para Goiás a para outros lugares em busca de cura. Obviamente, isto não é somente uma "questão de fé"; é, em grande parte, uma reação de desespero diante do mau funcionamento da saúde pública e dos valores absurdos da saúde privada. Uma senhora luterana confessa: "Pastor, na hora do sofrimento, a gente se agarra a qualquer fio de esperança, por menor que seja."

Pessoalmente não duvido que possam acontecer curas milagrosas. Não só em centros espíritas, centros de umbanda e em igrejas pentecostais. Também em nossas comunidades da IECLB pessoas experimentam cura! Eu creio que o poder de Deus ainda hoje atua em nós como atuou nos tempos bíblicos. E sejam gratas aquelas pessoas a quem Deus concede tal graça.

O que nos preocupa são as inúmeras pessoas que esperam ansiosamente por um milagre, com fé, e que saem de mãos vazias. Não teriam elas motivo suficiente para se sentirem abandonadas e esquecidas por Deus?? Será possível acusar tal pessoa, como fazem alguns, dizendo "você não tem fé suficiente"?? Será que a saúde e o bem-estar físico dependem da fé? Será possível dizer a uma pessoa doente ou que sofre de alguma deficiência física "você não tem fé; você é pecador demais; Deus não está contigo"?! Será que Deus só está com os saudáveis?? Assim afirmam os que querem fazer comércio com supostos milagres. - São tantas perguntas...

Em primeiro lugar, precisamos entender quando Jesus diz: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10.10).

Em segundo lugar (cf. João 9.1-7), Jesus deixou claro que a doença não é conseqüência do pecado. E, a partir de Mc 2.16+17, descobrimos que Jesus veio justamente para curar as pessoas doentes; Jesus veio para chamar os pecadores, e não os que se acham "bons".

Em terceiro lugar, é preciso clarear a diferença entre "cura" e "milagre". Hoje queremos tratar especificamente sobre CURA. Podemos dizer que a cura, seja ela rápida (extraordinária) ou lenta, sempre é um milagre. No entanto nem todos milagres são curas! E mais: Uma coisa é a CURA INTERIOR, o que Jesus também chamou de SALVAÇÃO. Outra coisa é a cura exterior, o milagre exterior, visível, físico. Nem sempre ambas andam juntas! Vejamos isto em Lucas 17.11-19.

O MILAGRE EXTERIOR foi concedido aos dez leprosos. No entanto, somente aquele um que voltou para agradecer é que experimentou a CURA no sentido mais profundo. Com este, aconteceu a cura integral, porque houve uma MUDANÇA DE VIDA (!), houve uma MUDANÇA DE RELACIONAMENTO COM DEUS. Com os outros NOVE, aconteceu um milagre exterior, mas não aconteceu verdadeira cura; não aconteceu SALVAÇÃO.

Vamos ver ainda a experiência de Paulo, em 2Coríntios 12.7-10. Paulo mostra que é possível acontecer a cura interior, sem que haja um milagre exterior. O apóstolo tem um "espinho na carne" e, após oração, ele descobre que A GRAÇA DE DEUS LHE BASTA!! E Paulo vive feliz e fortalecido na fé, agarrando-se a Deus, vivendo uma nova vida, e dizendo: "Estou com Cristo, e quando sou fraco, aí sim é que sou forte."

CONCLUINDO: Nem sempre o poder e a graça de Deus vêm a nós de modo extraordinário e no sentido de uma cura física. Então, o fato de alguém não ser curado de forma milagrosa não significa que ela esteja sendo esquecida por Deus!